MARCONI e TSF
Quando nasceu, no dia 25 de Agosto de 1874, na cidade de Bolonha, a velha criada ao vê-lo pela primeira vez, exclamou: "Que grandes orelhas!". Sua mãe respondeu-lhe com orgulho, que havia de revelar-se profético: " Com estas orelhas, será capaz de ouvir a voz ténue do ar".
Quando morreu, em 20 de Julho de 1937, Guglielmo Marconi tinha podido avaliar a importância que, graças a ele, a rádio havia adquirido no Mundo inteiro. Nascido em Itália em 1874, Marconi interessou-se muito cedo pelo problema da telegrafia sem fios. Com 22 anos apenas, conseguiu efectuar uma primeira transmissão, a uma distância de várias centenas de metros. Como este trabalho não despertasse qualquer interesse, o jovem italiano partiu para a Grã-Bretanha, a fim de continuar as suas experiências. Em 1897, estabeleceu uma ligação sem fios entre dois pontos, à distância de 5 Km um do outro. Em 28 de Março de 1899, Marconi realizou a transmissão sobre a Mancha de uma mensagem cujo texto proclamava que o resultado da experiência era devido, em parte, aos trabalhos do físico francês Eduard Branly, inventor do primeiro receptor de T. S. F. Dois anos mais tarde, o físico tentou e conseguiu uma emissão sobre o Atlântico; a antena emissora estava situada na Grã-Bretanha e o próprio sábio recebeu a emissão na Terra Nova. Devido ao seu invento, o Prémio Nobel da Física foi-lhe atribuído em 1909. Marconi tinha realizado o seu sonho: transmitir pelos ares, graças às ondas electromagnéticas, os sons da música e da voz.
Filho de José Marconi, um negociante casado com Ana Jameson, mãe de Guillermo, que descendia de uma famosa família de destiladores de Dublin. Desde da mais tenra idade Guglielmo Marconi sempre foi um sonhador e um enlevo de sua mãe, tinha uma paixão pela electricidade e passava horas a brincar com baterias e fios descorando a escola e as suas tarefas na propriedade da família nos arredores de Bolonha em Itália, para o pai as experiências do jovem Marconi era um produto do espírito ocioso e dissipador. Giusepe enfurecia-se com o filho destruindo o equipamento e procurando desmotivá-lo. A mãe protegia-o e acreditava sem sombra de dúvida que Guglielmo estava destinado a grandes voos, e não teria de esperar muito. Em 1894 com 20 anos, Guglielmo teve conhecimento das espantosas descobertas de Hertz no domínio da electricidade. Hertz era um físico brilhante que provara a existência das ondas electromagnéticas, usando um equipamento rudimentar, fizera passar energia eléctrica entre dois pontos sem utilizar fios. Num golpe de inspiração Marconi pensou em controlar as ondas Hertzianas para fins de comunicação. Bastaria juntar um manipulador telegráfico ao transmissor e emitir as ondas em código Morse para enviar mensagens invisíveis através do ar. Giusepe riu-se dele, só os charlatães e os médiuns afirmavam possuir tais poderes, toda a gente sabia que para comunicar neste Mundo eram precisos cabos e fios. Povos e lugares distantes eram ligados por cobre e zinco. Mas para Marconi, a ideia da telegrafia sem fio era tão óbvia que não compreendia que ninguém se lembrara disso antes. A visão da comunicação sem fios apoderou-se dele. O rapazinho com dificuldades de concentração na escola, tornou-se um jovem obcecado em inventar a telegrafia sem fios (TSF). Trabalhava incansavelmente, esquecendo-se muitas vezes de comer e dormir. Dois anos depois Guglielmo estava pronto em enfrentar o seu mais feroz critico, o pai. De um dos lados de uma colina conseguiu que um sinal Morse fosse recebido do outro lado, a uma distância de dois km e meio. Impressionado Giusepe aconselhou o filho a rentabilizar a sua invenção e, pela primeira vez, Guglielmo concordou com o pai.
Marconi trabalhava em novos inventos de rádio, tais como o detector de direcção, para permitir maior segurança aos barcos, no mar, quando o desastre do Titanic, em 1912, veio demonstrar como fora sensato o seu conselho de que todos os barcos deveriam ser providos de equipamento radiotelegráfico. Por meio do telégrafo, o Titanic chamou em seu auxílio muitos barcos que, de outra forma, não teriam tido a notícia do desastre. Os 706 sobreviventes que ele encontrou em Nova Iorque, saudaram-no entusiasticamente, gritando : "Devemos-lhe a vida !". Depois de ter estudado todas as possibilidades das ondas longas de rádio, começou a trabalhar com ondas curtas. Em 1927, transmitia a voz humana, desde Inglaterra até à Austrália. Em 1930, quando tocou num interruptor, em Londres, acendeu as luzes na Exposição de Sydney, na Austrália. Fez experiências, igualmente, com ondas de rádio reflectidas, que viriam a dar origem ao radar. Indicou as ondas ultracurtas como a chave para a televisão.
Guglielmo Marconi inventou a antena, em 1906. É um dispositivo que serve para a captação ou irradiação de ondas de rádio. Ela é formada por um conjunto de fios em contacto com o solo e suspensos a certa altura, colocados em torres, automóveis ou no alto dos edifícios. A antena recebe e transmite ondas electromagnéticas. Estas ondas são chamadas ondas hertzianas e propagam-se no espaço sem necessidade de fios condutores. Graças a elas, as antenas podem captar as transmissões de rádio, televisão, telégrafo, etc... A primeira estação de rádio usou, como antena, um arame esticado. Depois, os aparelhos foram desenvolvendo-se até chegar aos complexos dispositivos actuais. A invenção da antena ajudou Marconi nas suas pesquisas até o levar à invenção do telégrafo sem fios.
Há mais de um século o Rádio encurtando distâncias Em 1901 os satélites ainda não gravitavam em órbitas em torno da terra e as comunicações eram bem mais difíceis do que agora. No entanto, no dia 5 de Novembro, o italiano Guglielmo Marconi cruza o Atlântico com sinais de rádio. A imprensa escrita se reportou ao fato com júbilo e triunfo. Começava a era do "sem fio". Distância e relevo terrestres não mais impediriam o homem de se comunicar em tempo real.
Até 1800 os principais meios de comunicação eram as fogueiras, tambores, pombos-correios e os mensageiros.
Em 1843 Samuel Morse, nos EUA, inventava o telégrafo electromagnético (com fio) e o Código Morse ainda hoje utilizado. A primeira mensagem de Morse foi "Atenção Universo!".
Em 1863 na Inglaterra, o professor de física James Maxwell, demonstrou por deduções matemáticas, sem nenhuma experiência prática, que as ondas electromagnéticas deviam existir. Partindo dessa primeira teoria, o físico alemão Henrich Rudolf Hertz dedicou anos de pesquisas em seu laboratório na Alemanha.
Em 1887 Hertz detectou pela primeira vez as ondas de rádio – hoje chamadas Ondas Hertzianas. Foi o ponto de partida para uma série de experiências que culminaram posteriormente na invenção definitiva do rádio – transmitindo e recebendo mensagens.
A Radiodifusão com alcance mundial: Em 1919 as transmissões radiofónicas assumiram características próprias, passando a ter denominação de "radiodifusão". Surgiram naquele ano, com transmissões regulares, rádios na Holanda e nos EUA. Em poucos anos várias emissoras transmitindo em Ondas Médias se espalharam pelo mundo.
A 29 de Outubro de 1923 inaugurava-se em Berlim a Rádio Deutsche Welle, pioneira em transmitir em ondas curtas na radiodifusão, antes apenas usada para as faixas de radioamadores. Hoje as Ondas Curtas (que possuem maior facilidade de propagação à distância) são empregadas para divulgar programas educativos e noticiosos em vários idiomas para todo o mundo. O fenómeno da Internet está reduzindo as transmissões nessa modalidade, mas ainda persistirão por muitos anos, segundo os analistas. Ganharam prestígio emissoras como a BBC, Voz da América e outras.
A história do Rádio se confunde com a história de vários personagens que contribuíram para que hoje possamos ligar a nossa TV em casa e assistir um programa que está sendo transmitido ao vivo por exemplo do Japão.
Desde Willian Gilbert quando no ano de 1600 inventa o electroscópio realizando estudos sobre magnetismo até Lee De Forest o qual é atribuído a primeira transmissão de ópera pelo rádio, dezenas de pessoas ao longo de centenas de anos, participaram desta descoberta que revolucionou o século vinte, aproximando, divertindo, informando e salvando milhões de pessoas ao redor do mundo.
Não podemos deixar de mencionar Michael Faraday, grande sábio inglês que descobriu em 1831 a indução magnética assim como a grande contribuição dada por James C. Maxwell que descobriu matematicamente a existência das ondas electromagnéticas, diferente somente em tamanho, das ondas de luz, mas com a mesma velocidade ( 300.000 ) trezentos mil quilómetros por segundo.
Outro personagem que marcou a história das comunicações foi Thomas A. Edison quando em 1880 descobriu que colocando-se em uma ampulheta de cristal um filamento e uma placa de metal separadas entre si e ligando-se o filamento ao negativo de uma bateria e a placa ao positivo, constatava-se a passagem de uma corrente eléctrica da placa para o filamento e nunca em sentido contrário.
Grande contribuição foi dada pelo professor alemão Henrich Rudolph Hertz que comprovou na prática em 1890 a existência das ondas electromagnéticas, chamadas hoje de "ONDAS DE RÁDIO". Suas experiências basearam-se na teoria de Maxwell.
Hertz descobriu que ao fazer saltar uma chispa em seu aparelho oscilador, saltavam também chispas entre as pontas de um arco de metal colocado a certa distância denominado ressonador. Hertz demonstrou com essa experiência que as ondas electromagnéticas tem a mesma velocidade que as ondas de luz. Em sua homenagem, as ondas de rádio passam a ser chamadas de "Ondas Hertzianas" , usando-se também o "HERTZ"como unidade de frequência.
Muitas personagens da história do rádio contribuíram para o aperfeiçoamento da transmissão e recepção dos sinais electromagnéticos. Assim temos o Professor Pupim que em 1887 descobriu a "Sintonia Eléctrica" usada em quase todos os aparelhos de rádio, Branly que em 1892 descobriu seu famoso 'COHESOR", Popoff que idealizou uma forma de agregar um vibrador eléctrico ao coesor de Branly melhorando seu funcionamento.
Eis que surge em 1896 Guglielmo Marconi, utilizando um oscilador tipo "Hertz" e um coesor de "Branly-Popoff", realizando a transmissão e recepção de sinais a pequena distância.
Marconi colocou em prática as teorias, ideias e descobertas de Faraday, Maxwell, Edison, Hertz, Branly e Popoff.
Corria o final do século 19 e grandes descobertas estavam sendo realizadas em curto intervalo de tempo em todo o mundo no campo das comunicações envolvendo a perspectiva de ganho de grandes fortunas assim como o interesse de certos países em manter em segredo para uso militar, os inventos de seus cientistas e pesquisadores. Desta forma é muito difícil afirmar com absoluta certeza quem foi o inventor do Rádio.
Existe uma corrente mundial que concede esse crédito a Guglielmo Marconi, porém não podemos nos esquecer do físico russo Alexander Stepanovitch Popov ( 1859-1906 ) que no dia 7 de Maio de 1895, transmitiu, recebeu e decifrou a primeira mensagem telegráfica sem fios com sucesso. O cientista russo Alexander Popov tinha enviado uma mensagem de um navio da Marinha russa distante 30 milhas no mar, para seu laboratório em St. Petersburg, Rússia. Era um feito incrível, mas o mundo não tomou conhecimento. A intenção da Marinha russa era monopolizar esta tecnologia poderosa, incitando Popov a não dar qualquer notícias de suas descobertas. Considerado como um fantástico segredo de estado, Popov perde qualquer chance de fama mundial.
Tem desta forma a Westinghouse Eletric Co. a honra de ter promovido a primeira difusora comercial do mundo que foi a bem conhecida "K. D. K. A." de Pitisburgh. Ela começou a funcionar regularmente em 1920 e daí dia após dia vem aumentando cada vez mais o número de estações de rádio pelo mundo.
Trabalho e pesquisa de Carlos Leite Ribeiro – Marinha Grande – Portugal
(Saudoso Confrade)